sábado, 29 de agosto de 2009

Portanto, embora a jovem tente seguir as ordens do predador e concorde em
manter sua ignorância acerca do segredo oculto nos subterrâneos do castelo, ela só
pode agir assim durante um determinado período. Afinal ela apresenta a chave, a
pergunta, à porta e descobre a horrenda carnificina em algum ponto da sua vida
profunda. E essa chave, esse minúsculo símbolo da vida, de repente não pára de
sangrar, não pára de soltar o grito de que há algo de errado. Uma mulher pode tentar
se esconder para não ver as devastações da sua vida, mas o sangramento, a perda da
energia da vida, continuará até que ela reconheça a real natureza do predador e o
domine.
Quando as mulheres abrem as portas das suas próprias vidas e examinam o
massacre nesses cantos remotos, na maior parte das vezes elas descobrem que
estiveram permitindo o assassinato de seus sonhos, objetivos e esperanças mais
cruciais. Encontram sem vida idéias, sentimentos e desejos; aquilo que um dia foi
gracioso e promissor está agora esgotado até sua última gota de sangue. Se esses
sonhos e esperanças estiverem vinculados ao desejo de um relacionamento, de uma
realização, de obter sucesso, ou de uma obra de arte, quando ocorre essa apavorante
descoberta na psique, podemos ter certeza de que o predador natural, também
freqüentemente simbolizado nos sonhos como o noivo animal, esteve trabalhando
metodicamente na destruição dos desejos mais caros à mulher.
A personagem do noivo animal é um marco na psique, representando algo
perverso disfarçado como algo benévolo. Essa caracterização ou algo dela
aproximado está sempre presente quando uma mulher nutre pressentimentos
ingênuos acerca de alguma coisa ou de alguém. Quando uma mulher tenta ignorar os
fatos das suas próprias devastações, seus sonhos noturnos gritarão avisos para ela,
avisos e exortações para acordar! Pedir ajuda! Fugir! Ou dar o golpe final! Com o
passar dos anos, soube de muitos sonhos de mulheres com essa característica do
noivo animal ou essa aura de as-coisas-não-são-tão-boas-quanto-parecem. Uma
mulher sonhou com um homem belo e encantador, mas, quando baixou os olhos, viu
que começava a se desenrolar da sua manga uma ameaçadora espiral de arame
farpado. Outra mulher sonhou que estava ajudando um velho a atravessar a rua, e o
velho de repente sorriu diabolicamente para ela e "derreteu-se" no seu braço,
causando uma queimadura profunda. Ainda uma outra sonhou que estava fazendo
uma refeição com um amigo desconhecido cujo garfo atravessou a mesa voando para
feri-la mortalmente.